Das Crises, Musas e Esfinges e da Droga de um Poema Pirado

Conheci a Musa na Grécia. A Musa é grega. Ela me visitaria eventualmente. Esperei e ela não veio. Culpa da crise na economia grega, talvez. Viajar do Olimpo até a minha cabeça não recebeu o  subsídio e nem a aprovação dos Deuses(ciumentos). E nem… Enem… Aprovação… Fugi do tema nesta redação.

Ah, como é mais fácil criar com a Musa. A musa perfeita te causa poemas cem por cento inspiração… Oh, Musa, se te demoras, o medo vem e me devora. Este medo de fingir o que é verdadeiramente sentido, mentido. E finge-se tão completamente. E finge-se e então completa a mente. E mente-se e lança-se a semente. A semente da dúvida sobre a possibilidade da criação, o enigma.

Não vindo a Musa, surge a Esfinge, que também é grega, e, tal qual o medo, também devora. E um poeta suspira, transpira e, só, um poeta pira. E arde na pira da mentira. E a pira é grega. E o poeta fica falando grego. A crise é grega (questão de cifra); Grega é a Esfinge (questão decifra?);  e então finja-se um poema cem por cento transpirado. De um poeta em crise, sem Musa, sem inspiração. A droga de um poema a devorar um poeta pirado… que finge…

ESFINGE

 

O que me deste pra beber em tua boca?

Chá-de-coca, absinto, saliva louca?

O que me deste pra sorver em tua pele?

Ácido com L? Por favor, peço, revele…

O que teus dentes secretaram em minha veia?

Que teia é essa que me enreda como peia?

Que nó é esse que me trava a garganta?

E este perfume que me lança assim ao pó?

O que será este teu cheiro que alucina?

Será que rima o que me lesa e me encanta?

Que plantas ativas pra que eu exponha a dor?

Por que tuas unhas irradiam este torpor?

Que há em teu ventre que me faz queimar em brasas?

E em teu olhar que me faz voar sem asas?

Que droga, amor, me impele a te adorar?

Diga-me agora: o que há em ti que me devora?

(Enquanto eu não souber te decifrar…)

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20 respostas a Das Crises, Musas e Esfinges e da Droga de um Poema Pirado

  1. Vitor Biasoli diz:

    Este poema “Esfinge” já tem melodia?
    É uma canção, não é?
    E muito bacana.

  2. Que delicia de “droga” essa! Beijo-curti

  3. Nádia Ribas diz:

    Que Maravilha, uma Pérola este Poema.
    Um misto do imaginário e enigmático,
    poesia linda em versos tão líricos.

  4. Luciana Morales Farias diz:

    Nossa! Espetáculo!!!

  5. Excelente, Raul! Continue nos brindando com a tua poesia! Ergo uma taça de vinho em tua honra!

  6. Renato Murailh diz:

    hehe. bonito….é sim.

  7. Tânia Teresinha Lopes diz:

    Ô, Raul! Que maravilha! Tanto o texto como a poesia.abrs

  8. Nanda Forgiarini diz:

    Uau, super curti!
    Que Maravilha todos..
    Bjuuuu

    *_*

  9. Maria Luiza S. diz:

    Simplesmente liiindo Raul!
    Um grande Bjo!

  10. Esse é meu amigo Raulzito!!! \o/ Cada vez melhor \o/
    Parabéns!! Abraço.

  11. Aramis diz:

    Belos, texto e poesia, a esfinge deve estar atordoada. Abraço!

  12. Carla Mano diz:

    Excelente, Raul, parabéns pelo texto intertextual, criativo, instigante. Adorei!!!

  13. Ingrid Medeiros diz:

    gostei!

  14. Caren Bernardi diz:

    Adorei, lindo!!!

  15. Sanja diz:

    your SPHINX must be unique combination of excellent human and feminine characteristic..because “she” inspired you for these wonderful words and left us ( readers) bewitched and spellbound! Thank you Raul for reminding me on magic caused by love and emotions… .

  16. VERDADEIRO. SEU EU-DIVINO FEZ BROTAR ESSA MARAVILHA DE POEMA E DESCREVER EM PALAVRAS SENTIMENTOS DIFÍCEIS DE JUSTIFICAR: “Que droga, amor, me impele a te adorar?” LINDO E IMORTAL COMO A MITOLOGIA GREGA.

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